sexta-feira, outubro 30


Alguns pais sentem-se culpados por colocarem os filhos muito cedo na escola. No entanto, nos dias de hoje, em que as famílias são cada vez menores, o que dificulta as relações das crianças com outras da mesma idade, o fato de muitas delas ingressarem na escola nos primeiros anos de vida pode representar um ganho, favorecendo o desenvolvimento infantil.
Para tanto, é fundamental a consideração de diversos fatores, a começar pela escolha da escola, que deve ser o resultado de ampla pesquisa realizada pelos pais, atentos aos padrões de atitudes e comportamentos valorizados pela equipe escolar; se estão em sintonia com seus próprios valores, ou seja, se a equipe escolar está investindo no desenvolvimento processual de habilidades, atitudes, conhecimentos compatíveis com os valorizados pela família. Se está preocupada com a constituição subjetiva da criança; com suas emoções, sensibilidade, imaginação e sonhos infantis, partindo de tal conjunto para estimular a capacidade de lidar, de modo operativo e construtivo, com os desafios do mundo.
Além disso, é indispensável que os pais acompanhem a escolarização da criança, sobretudo quando há ingresso prematuro na instituição escolar, pois os resultados dependem, sobretudo, da qualidade desse acompanhamento escolar e familiar realizado, ou seja, pais e professores bem integrados podem ajudar a criança a se desenvolver melhor em todos os aspectos: sociais, cognitivos, emocionais, afetivos.
E o que significa ingresso prematuro na instituição escolar?
Se nos reportarmos ao sistema de ensino brasileiro veremos que é recente o ingresso da criança à escola antes dos sete anos de idade. e isso está ligado ao papel da mulher na família: era ela quem cuidava dos filhos até a idade em que eles podiam ser matriculados na primeira série da antiga escola primária. Antes disso, apenas alguns Parques Infantis Municipais e raras escolas particulares. Isso nos grandes centros urbanos, como a cidade de São Paulo, onde, na década de 1950, por exemplo, não havia vaga suficiente, em escola pública, para todas as crianças com sete anos de idade. Mesmo com a criação da Rede Municipal de Ensino, ainda nessa década, o problema persistiu, embora em grau mais moderado e, até hoje, ainda se discute a falta de vagas.
Hoje, raras são as mães que se dedicam apenas ao lar. A esmagadora maioria integra-se ao mercado de trabalho, formal ou, sobretudo informal, necessitando de instituições que se encarreguem dos cuidados com seu(s) filho(s), desde creches municipais ou conveniadas, até instituições particulares destinadas a todas as classes sociais. E a necessidade se dá a partir do terceiro mês de vida da criança!
Essa é uma realidade que está posta e que exige das autoridades, intervenções sérias, não apenas quanto ao número de vagas, mas, sobretudo, quanto ao ingresso de profissionais capacitados, bem como com seu desenvolvimento em serviço, pois, da qualidade do trabalho realizado depende o bom desempenho das novas gerações que aí são atendidas.
Nesse sentido, o ingresso prematuro na instituição pode dar-se aos três meses de vida. E é o que acontece com muita freqüência, haja vista as constantes mobilizações das comunidades por mais vagas em creches, e também em escolas de educação infantil.
Isso é bom? É ruim?
Depende. Cada caso é um caso; não dá para generalizar. O que está em jogo, além dos aspectos físicos, é a constituição subjetiva da criança, que precisa de cuidados especiais por parte dos profissionais que com ela interagem na creche e, também, das figuras familiares, sobretudo da mãe, que deve estar atenta acompanhando os detalhes do trabalho realizado na instituição, com sua criança. Satisfeitas essas exigências, o desenvolvimento infantil transcorre da maneira desejada.
No entanto, quando a família coloca a criança na escola, em qualquer idade, e não faz o acompanhamento do trabalho que está sendo desenvolvido, pode gerar em seu filho um sentimento de descaso em relação ao seu desenvolvimento, além do surgimento de várias outras questões, que não são objeto deste pequeno artigo.
Assim, mesmo tendo se esmerado na escolha da escola, os pais precisam manter contato bem próximo com os profissionais que nela atuam, principalmente, na interação direta com a criança; marcando presença na rotina do filho, inclusive para colocar limites.
A criança precisa sentir-se querida, aceita, importante, sem o que poderá rebelar-se e agredir os que estão a seu redor, começando muito cedo a desgostar da escola e vê-la como local de disputas, competições, conflitos.
Seja qual for a idade com que a criança ingresse na escola, o que diz respeito muito mais às possibilidades de organização de cada família, a relação entre os pais e a instituição é questão que precisa ser abordada a partir de duas instâncias: a legal e a real, a desejável e a trajetória que ainda está sendo construída pela escola e família.
A fundamentação para a relação educação/escola/família como um dever da última para com o processo de escolarização e importância de sua presença no contexto escolar é publicamente amparada pela legislação nacional e diretrizes do MEC aprovadas no decorrer dos anos 90, tais como: Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8069/90), nos artigos 4º e 55; Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394/96), artigos 1º, 2º, 6º e 12; Plano Nacional de Educação (aprovado pela Lei nº 10172/2007), que define como uma de suas diretrizes a implantação de conselhos escolares e outras formas de participação da comunidade escolar (composta também pela família) e local na melhoria do funcionamento das instituições de educação e no enriquecimento das oportunidades educativas e dos recursos pedagógicos e, ainda, a Política Nacional de Educação Especial, que tem como uma de suas diretrizes gerais: adotar mecanismos que oportunizem a participação efetiva da família no desenvolvimento global do aluno. Esta vem a ser a instância legal e desejável como explicitaremos logo mais.
Como abordamos anteriormente, hoje os tempos são diferentes e as expectativas de cada segmento também, o que oportuniza a eclosão de conflitos entre o que compete a cada um deles, olvidando por vezes, que ambos desejam a mesma coisa: preparar os alunos/filhos para a vida, para a cidadania.
O que temos ainda hoje é um caminho a ser percorrido, um caminho de cooperação que só será efetivo se os pais compreenderem que à escola não cabe exercer a função moral da família, e se a escola promovesse ações de conscientização junto a essas famílias para que ficasse clara a importância do dever de cada um no desenvolvimento do aluno/filho, e que, embora essa parceria escola e família seja essencial, cada um desses setores deve conservar suas particularidades.
É importante que os pais procurem agir em sintonia com a equipe docente, relacionando-se constantemente com os profissionais para, dessa forma, poder confiar no tratamento específico que cada professor confere aos conteúdos desenvolvidos em sua área de atuação. Se assim não for, para que possam reivindicar as providências necessárias e, com maturidade, responsabilidade e equilíbrio contribuir para restabelecer a ordem
Em contrapartida, também os profissionais das instituições educativas precisam se desincumbir de sua missão de passar segurança aos pais, despertar e manter o interesse dos alunos, sentindo–se preparado e atualizado para o desenvolvimento de suas atribuições, posicionando-se e garantindo um intercâmbio maior entre essas duas instituições (família e escola), cientes de que a constituição de conhecimentos, conceitos e valores não ocorrem somente dentro da sala de aula.
Joana Maria Rodrigues Di Santo, Pedagoga, Psicopedagoga, Mestre em Educação, diretora do CRE, consultora em educação.

Um comentário:

Anônimo disse...

oi miga linda! ja tava com suadades daqui!:)
Passando pra oferecer o selinho "happy halloween!" Passa la no meu blog!!

Feliz Dia das bruxas!! Have fun!!:)

Com carinho, Joana Neves
http://joananeves.splinder.com