O significado da recusa de voltar às aulas após as férias é diferente da recusa da criança que vai a ela pela primeira vez. Algumas vezes essa recusa é motivada pela insegurança gerada por motivos como: doença de uma pessoa próxima, separação dos pais, excesso de atividades fora do período escolar (balé, natação, inglês, informática, etc...) e o receio de não corresponder às expectativas dos pais, notas baixas e dificuldades de aprendizagem anteriores, a troca de professores, o temor de que seus colegas sejam diferentes da turma em que estava, etc. Esses costumam ser sintomas passageiros. Caso persistam, os pais devem procurar orientação com os profissionais da própria escola, com o médico pediatra e com um psicólogo. A família e a escola devem deixar claro para a criança que há uma parceria entre eles e um pacto visando o seu desenvolvimento harmonioso, com o qual ela se sinta realizada, confiante e feliz. Hoje em dia, a formação dos profissionais que atuam nas escolas é mais completa e aperfeiçoada. A maioria delas conta com equipes de coordenadores pedagógicos, orientadores educacionais e psicólogos. Há, também, uma preocupação maior com a criança como uma pessoa individualizada e em se acompanhar de perto o seu processo individual de desenvolvimento. No entanto, de nada adiantam todas essas características se a criança não gostar da escola. É importante que ela se vincule emocionalmente aos professores, aos funcionários e que tenha amigos na escola. Ela precisa sentir que aquele espaço também lhe pertence e que se sinta bem ali, para ter prazer de ir à escola não só por causa das pessoas que dela fazem parte, como por tudo o que acontece por lá. Mais importante do que manter seu filho numa escola bem conceituada é mantê-lo estudando num lugar de que ele goste e onde se sinta bem. Diante de um filho que se recusa a ir para a escola, recomendo-lhe o bom senso acima de tudo. Ouça suas queixas com atenção, investingando-as e peneirando-as, demonstre interesse e solidariedade pelos seus sentimentos, garantindo-lhe com carinho, porém com determinação, que tudo poderá ser resolvido sem que ele deixe de freqüentar as aulas. Evite ceder ao seu pedido de ficar em casa. Ele provavelmente vá tentar desafiá-la, mas a firmeza dos pais nesta hora será o melhor que eles poderão oferecer à criança. Lembre-se de que na fase pré-escolar (de 2 a 6 anos) a criança começa a pôr em prática o que aprendeu em seu ambiente e através do comportamento de seus pais. Pessimismo, insegurança, medo... também são aprendidos, portanto vigie sua maneira de pensar e agir no ambiente doméstico. Lembre-se, também, de que as crianças não são sempre boazinhas e muitas vezes mentem com o propósito de alcançar seus objetivos, portanto não acredite em tudo o que seu filho lhe falar. Caso você tenha dúvida quanto à veracidade de um fato relatado por seu filho, não insista imediatamente no assunto. Peça para ele lhe contar a história, outras vezes, em momentos posteriores diferentes e compare as versões. Nem sempre é verdade que o amiguinho lhe bateu ou que a professora tenha lhe colocado de castigo ou lhe subestimado na presença de outros. Caso descubra que ele mentiu, não lhe acuse de "mentiroso", pois isto não costuma ser producente. É aconselhável que você lhe explique, com calma, as conseqüências negativas de uma mentira, de preferência com exemplos práticos. Deixe claro para ele que é errado mentir e que uma mentira pode prejudicar seriamente uma pessoa.
Qualquer criança pode apresentar "recaídas" que a levem a desejar ficar grudada ao ambiente doméstico, sob a proteção dos pais, mas essas situações serão menos freqüentes na medida em que a escola lhe acene como um lugar agradável e que lhe ofereça boas condições de adaptação. Daí a importância de escolher com cuidado e critérios bem estabelecidos a escola de seu filho. Desejo a todos um bom começo de ano letivo!
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