As batalhas nas refeições
publicado em 24/04/2007
Se seu filho trava a boca e olha pra vc com ar de desafio, o melhor a fazer segundo 100% dos pediatras e nutricionistas é não dar bola. É você quem tem de mudar de estratégia para acabar com as batalhas nas refeições e restabelecer a paz à mesa.
Algumas crianças, ao sentarem em seus cadeirões, fazem careta, balançam a cabeça quando a mãe oferece o prato suculento com bifinho e abobrinha refogada. "Vai começar tudo de novo!" pensa a mãe, exausta e já sem esperanças de que o filho algum dia venha comer direito. Orientações pedátricas são de que se não querem almoçar, pois que fiquem sem almoço. No jantar ele vai comer o que estiver no prato, desde que não sejam oferecido bolachinhas ou outros alimentos qualquer no intervalo.O temor, supercomum de toda mãe, é achar (instintiva e inconscientemente) que se deixar de se alimentar, o filho pode morrer. A questão é que algumas, embora se preocupem, não dão importancia exagerada à falta de apetite ou à recusa de certos alimentos por parte dos pequenos. Outras, no entanto, condicionam o desempenho como mãe à alimentação do filho e tornam-se presas fáceis para a manipulação infantil.Dissociar comida de afeto é fundamental para acabar com a guerra da refeição. O raciocínio de muitas mulheres é assim: ao alimentá-lo, estou dando uma prova de amor ao meu filho. Se ele recusa a comida, é porque não me ama. Sorrateiro, inconsciente e torturante, esse modo de pensar provoca sentimentos de impotência (afinal, ninguém vai abrir a boca da criança à força para obrigá-la a comer) e de profunda rejeição. Na tentativa de resolver o conflito, a mãe faz qualquer coisa para ver o filho mastigar ("mesmo que sejam salgadinhos e chocolates, pois até isso é melhor do que ficar de estomago vazio", pensam algumas). A criança, muito sensível e esperta, se aproveita dessa vulnerabilidade para chantagear a mãe e comer apenas o que quer.Nos primeiros anos de vida, a criança transborda de curiosidade em relação ao mundo - portanto, essa fase é a melhor para introduzir texturas diferentes e explorar novos sabores. Pode ocorrer de a criança se recusar a comer algumas verduras, não porque está fazendo birra, mas porque o sabor não lhe agrada. Para distinguir as duas situações, mude a forma de apresentação (ralado, em rodelas, como purê) e nunca desista antes de tentar no mínimo cinco vezes. Se não funcionar, considere a hipótese de ela não gostar daquela hortaliça e pense em substituições por alimentos do mesmo grupo.
OS 10 PASSOS PARA NÃO ENLOUQUECER (ENQUANTO A GUERRA DURAR)
1-Algumas atitudes que ajudam você e seu filho a botar ordem na mesa.
Lugar de comer é na cozinha, na copa ou na sala de jantar. E em nenhum outro lugar, sem negociações!
2-Rigidez também com o horário. Não comeu na hora certa, terá que esperar a próxima refeição. Não deixe intervalos longos entre as refeições para que ele não ataque bobagens.
3-Organize um cardápio variado, pois, assim como vocês, seu filho também não aguenta a monotonia do arroz, feijão, bife e batata todo dia.
4-Siga a quantidade certa para a idade de seu filho. Não adianta fazer um prato cheio quando ele só consegue dar conta de uma xícara e meia de chá de comida.
5-Jamais insista para que ele coma só mais uma colherada. É bom que ele aprenda a parar quando estiver saciado. Quem ingere mais do que necessita desenvolve tendência à obesidade.
6-Sem aviãozinho, livrinhos, TV ou brincadeiras na hora da comida. Seu filho precisa prestar atenção no que está ingerindo para que o ato não se torne mecânico.
7-Em hipótese alguma substitua parte da refeição ou toda ela simplesmente porque seu filho não quer um determinado alimento. Assim como os adultos, os pequenos também têm preferências. O mais importante é manter uma dieta equilibrada.
8-Chantagem não vale. Nunca diga: "Se você comer brócolis, vai ganhar chocolate". Além de oferecer munição para ser manipulada, você está reforçando a idéia de que brócolis é horrível e só vale a pena comer se houver uma boa recompensa.
9-Não esconda a verdura embaixo do arroz com feijão. Uma relação verdadeira se constrói também na hora de comer.
10-Se seu pequeno se machucou, não dê a ele comida como forma de conpensação. É meio caminho andado para gerar adultos com problemas com a balança, porque aprenderam a afogar as mágoas no alimento. Tenham certeza de que o que estão fazendo é o correto, pois a criança percebe o grau de segurança dos pais e é isso que garantirá o cumprimento das regras.
Tem salvação!
Mesmo que você descubra que não está fazendo a coisa certa, dá para recuperar - na boa - o tempo perdido. Para garantir o sucesso da operação, você deve...
- Ter certeza de que quer mesmo mudar a situação em que se encontra. Assim, você ficará mais forte - para aguentar os choros e as birras dos primeiros dias da reeducação.- Determinar quais são as novas regras de alimentação em sua casa (horários certos, local adequado, mesmo cardápio da família) e explicar à criança, com calma e em tom seguro, como as coisas funcionarão dali para a frente, mesmo se achar que ela não está entendendo nada. Esse ritual de passagem é importante também para você.
- Revezar com outras pessoas a tarefa de alimentar seu filho. Use situações que deixem você menos ansiosa (como brincar, cuidar da higiêne, colocar para dormir) para demonstrar afeto.
- Fazer uma auto-análise em relação aos hábitos da família. Pais que não têm horário para comer, só comem bobagens e não demonstram prazer pelos alimentos não podem exigir que os filhos sejam exemplo de boa conduta à mesa.
- Convencer-se de que ele não vai ficar desnutrido se comer quase nada ou mesmo se não fizer uma refeição inteira. Se a apetência dos adultos varia, por que é que as crianças têm que comer diariamente um prato cheio?
Reportagem> http://claudia.abril.uol.com.br/edições
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