LINGUAGEM, FAMÍLIA E DESENVOLVIMENTO INFANTIL
“O século XXI requer mais do que mudança e novidade, exige rompimento de Conceitos, Modos e Comunicação (Linguagem)”, já dizia Marins em 2000. Mas o que isso tem a ver com Fonoaudiologia, desenvolvimento infantil e família ? A Comunicação é uma grande exigência do mercado de trabalho atual, abrangendo expressão oral, escrita correta, entonação de voz, domínio de Corpo, credibilidade pessoal, gesticulação, clareza, objetividade. Mas a linguagem se manifesta desde o nascimento, quando o bebê se comunica com o mundo através do choro, das manifestações afetivas, do balbucio e das primeiras palavras com significado produzidas por volta dos 10 meses. O trabalho fonoaudiológico tem um olhar atento para todas as formas de expressividade da criança, já que é através da Linguagem que ela constrói pensamento inteligente, se relaciona com o meio e, é óbvio, elabora um de seus maiores patrimônios: a auto-estima. Esta linguagem a que nos referimos, abrange muitas funções cognitivas como: atenção, memória, leitura, escrita, fala, além da audição e da voz; e das funções pré-fônicas como: respiração, mastigação e deglutição. Qualquer um desses fatores podem influenciar o desenvolvimento e a relação do aluno com a escola. Muitos pais demonstram grande curiosidade e questionamento sobre alguns cuidados que a família pode ter para que a criança consiga se desenvolver adequadamente, ultrapassando cada fase da aquisição normal de fala. Para os interessados, valem as seguintes dicas: • Não use palavras no diminutivo pois, por serem semelhantes (terminam com “inho”), dificultam sua memorização. • Propicie o desenvolvimento da fala, deixando que a criança expresse oralmente o que deseja, não a atendendo imediatamente após uma manifestação gestual. • Quando a criança cometer um erro de fala, dê a ela o padrão correto sem repetir o erro (exemplo: se ela disser “aua“ ao invés de "água", diga: “Você quer água ?”, enfatizando o correto, dando o feedback positivo). Cuidado ! Não a corrija excessivamente. • Mesmo sendo tentador, procure não imitar o "falar errado”, pois os pais são o modelo que ela seguirá para se corrigir e a repetição poderá fixar o padrão incorreto.Apesar de nossa natural ansiedade como pais, é prudente não exigir da criança uma produção além da esperada para sua faixa etária. Por isso, respeite a ordem da aquisição dos fonemas. Por exemplo, enquanto a articulação correta de /b, m/ é esperada para os 18 meses de idade, já o /r/ de “caracol” pode aguardar os 4 anos para estar de acordo com a hierarquia do desenvolvimento. Como diziam nossas avós, “cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém”. Portanto, o norte é o bom senso. E, é claro, a intuição dos pais. Esta última vale mais do que o conhecimento e a experiência de qualquer especialista !
Texto:Patrícia Cáceres GonçalvesFonoaudióloga,
Consultora de Comunicação e Palestrante
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